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Conto Filosófico 3º Ano_2018/2019



O Medo Mau e o Medo Bom



Num belo dia de Sol os irmãos Filo e Sofia, depois do almoço, decidiram ir brincar para o jardim em frente à sua casa. Eles moravam numa linda casa e na parte da frente tinham um grande jardim, que terminava no mesmo lugar onde começava uma imensa floresta. Os irmãos sabiam as regras, podiam brincar à vontade pelo jardim, mas a floresta era uma zona proibida. 

- A quê que vamos brincar hoje? (perguntou a Sofia ao irmão)

- Não sei, decide tu! (respondeu o Filo)

- Sou sempre eu a decidir, nunca tens ideias?  (retorquiu a Sofia)

- Mas tu és mais criativa do que eu… (respondeu prontamente o Filo)

- Não digas disparates! Todas as pessoas têm ideias e imaginação. (disse a Sofia com muita convicção)

- Mas nem todas as pessoas são iguais e por isso não têm a mesma quantidade de imaginação. (explicou o Filo)

- É verdade! Mas todos nós temos imaginação, muita ou pouca, mas temos, por isso hoje podes ser tu a pôr a imaginação a funcionar. (explicou a Sofia)

- E como é que eu ponho a minha imaginação a funcionar? (questionou o Filo)

- Fácil! Fechas os olhos e imaginas! (respondeu a Sofia)

Então, o Filo fechou os olhos por um momento, ficou com um ar pensativo e chegou a uma ideia:

- Já sei! Vamos jogar râguebi, concordas? (lembrou-se o Filo)

- Râguebi???? Hoje não me apetece nada brincar a isso. (respondeu a Sofia desiludida com a sugestão do irmão)

- Mas tu mandaste-me imaginar e o que me saiu na cabeça foi râguebi, por isso agora vais ter de aceitar! Olha, tu sabias que há diferentes brincadeiras no Mundo, ou seja, em diferentes locais há diferentes brincadeiras? Por exemplo, a capoeira no Brasil, o futebol americano, o jogo da macaca em Portugal e muitas outras. (constatou o Filo)

- Para além das brincadeiras também há diferentes tradições, por exemplo, a tomatina na Espanha, o folclore em Portugal, o Ano Novo Chinês... (completou a Sofia)

- Vamos deixar-nos de conversas e começar a jogar, deixamos este assunto para discutirmos ao jantar.  (disse o Filo)

O Filo e a Sofia começaram a jogar, entretanto o Filo, com o entusiasmo, lançou a bola muito alto, tão alto e longe que foi parar dentro da floresta.

- Eu bem disse que não devíamos jogar râguebi! (disse a Sofia)

- Deixa-te disso, foi só um acidente! (respondeu o Filo)

 Mesmo sabendo das regras impostas pelos pais, o Filo e a Sofia decidiram ir procurar a bola à floresta. Já lá dentro encontraram uma caverna que na sua pedra dizia “Reza a lenda que aqui dentro mora o homem das cavernas.”.

- Eu não quero entrar! (disse, com medo, a Sofia)

- Tem de ser, a nossa bola pode estar lá dentro. (retorquiu o Filo)

- Ok, mas tu vais à frente! (ordenou a Sofia)

Entraram na caverna, cada vez mais escura e mais escura e foi aí que o Filo se lembrou da lanterna.

- Já sei! A lanterna! (lembrou-se o Filo)

- Boa ideia! (disse a Sofia)

Mal ligaram a lanterna repararam numa sombra assustadora, que parecia mesmo ser o homem das cavernas. A Sofia ficou tão assustada que quis voltar para trás, mas o irmão deu-lhe a mão com firmeza. A mão do Filo estava quente e transmitia segurança à Sofia, então ela encheu-se de coragem e deixou-se levar pelo irmão. Continuaram a andar com cautela até que chegaram à sombra e viram que afinal aquela sobra assustadora era só um monte de pedras.

- Ai que alívio, não é o homem das cavernas! (disse aliviada a Sofia)

- Estás a ver que não era preciso ter tanto medo? Porque muitas coisas que parecem reais, quando chegas perto delas descobres que afinal não são! Só temos de olhar com mais atenção e investigar, não podemos acreditar em tudo o que os nossos olhos nos dizem, às vezes não são eles a falar, mas o nosso medo. (esclareceu o Filo)

Entretanto, saíram da caverna e a Sofia reparou numa bola em cima de uma árvore.

- Olha Filo – disse a Sofia apontando – está ali a nossa bola. Vai lá buscar!

- Eu!? Não, não vou! (respondeu com firmeza o Filo)

- Porquê? (perguntou a Sofia)

- Porque nunca trepei uma árvore, tenho medo de tentar subir, cair e magoar-me. (explicou o Filo)

- Sim, tens razão! Às vezes termos medo até é bom, termos receio e algum medo, esse cuidado pode-nos proteger de consequências más. (concordou a Sofia)

- Claro Sofia, uma coisa é o medo mau, que não passa de uma fantasia da nossa cabeça e que devemos enfrentá-lo para não sermos paralisados por ele; outra coisa é o medo bom que nos faz ter medo para nos proteger de coisas más e reais que nos podem acontecer, como por exemplo devemos ter medo dos carros quando atravessamos a passadeira, isto vai fazer com que façamos as coisas com outro cuidado e atenção. (explicou o Filo)

- Tive uma ideia! Pegamos em vários paus, amarramos uns aos outros com fios de folhas fortes e construímos um pau “super” comprido para chegar à bola. (sugeriu a Sofia).

- Boa ideia! Mãos à obra! (concordou o Filo)

E assim os dois irmãos, juntos, rapidamente construíram uma cana gigante, conseguiram elevar a cana e empurrar a bola até cair ao chão. Qual não foi o espanto dos dois quando se aperceberam que afinal não se tratava da bola deles.

- Tanto trabalho para nada! (disse desiludida a Sofia)

- Não digas isso, nem fiques triste, pensa, até foi giro construirmos uma cana juntos – sorriu o Filo – Anda, vamos continuar a procurar.

O despertador começou a tocar e os irmãos acordaram de repente, afinal estavam a sonhar.

- Que sonho estranho! (disse o Filo)

- Também o meu! (respondeu a Sofia)

Os irmãos contaram um ao outro o sonho que tiveram e descobriram que tiveram exatamente o mesmo sonho. Como seria possível!? 



Fim!





Conto de Filosofia da autoria dos alunos do 3.º ano, turma A, do Colégio Casa-Mãe, no ano letivo 2018/2019:

Afonso Martins; António Vinha; Bianca Barros; Carlos Ribeiro; Carolina Farias; Dinis Merino; Erika Gomes; Francisco Neves; Gonçalo Ribeiro; Guilherme Serdoura; João Reis; Matilde Rocha; Nuno Santos; Pedro Batista; Rafael Moreira; Tiago Neto; Vitória Guo.

Em colaboração com a Professora de Filosofia Mónica Grifo.





Ilustração do conto. Desenho feito pelos alunos.  
Ilustração do conto. Desenho feito pelos alunos.  











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