CONTOS FILOSÓFICOS
ERA UMA VEZ...
Era uma vez... um projeto das aulas de Filosofia para Crianças. A realização de contos filosóficos é uma das muitas atividades dinamizadas, todos os anos, com os nossos mini-filósofos. Debatemos a seleção do problema-mistério para o conto de turma, partilhamos ideias para a tese que pretendemos defender, aplicamos argumentos importantes para demonstrar a nossa ideia e, por fim, colocamos "as ideias à obra" e começamos a dar vida ao nosso Conto. No final, estes fazem a sua magia e "PLIM PLIM PLIM" deixam um sorriso de orgulho nos nossos pequenos pensadores 💖
E contos tão especiais, merecem também uma exposição especial! Concordam?!
Os nossos Contos Filosóficos _
“Conhecer ou Não Conhecer eis
a Questão!”
Num lindo dia de
sol, a Poppy estava a brincar no jardim, distraída com a beleza das borboletas.
A Poppy gostava muito de pensar, sonhava num dia em ser detetive, por isso nas
suas brincadeiras usava a lupa para investigar todos os pormenores que existia.
Entretanto, a Marsha apareceu no jardim inquieta e perguntou à sua irmã Poppy:
– Poppy, será que é possível alguém
saber tudo no Mundo? (Questionou a Marsha.)
– Não, não é possível! Se pensares,
existem muitas coisas para descobrir, que é impossível alguém saber tudo.
(Respondeu a Poppy.)
– Compreendo, mas então se não
podemos saber tudo, por que razão nos damos ao trabalho de tentar conhecer e de
saber cada vez mais? (Perguntou, confusa, a Marsha.)
– Podemos não conseguir saber tudo,
mas sempre que conhecemos coisas novas, passamos a saber mais do que aquilo que
sabíamos no passado. Não achas que vale a pena conhecer coisas novas? Não
gostas de saber mais? (Esclareceu e interrogou a Poppy.)
– Sim, eu gosto de conhecer coisas
novas, mas confesso que dá trabalho e fico na dúvida se realmente consigo ficar
a conhecer e a saber verdadeiramente alguma coisa. Por exemplo, eu aprendi que
a justiça é um princípio moral, corresponde áquilo que devemos ou não devemos
fazer, ou seja, a diferença entre o que é correto e o que é errado. Mas, depois
pergunto-me: “O que é justo para mim, pode não ser justo para outra pessoa?”.
Confesso que são tantas as perguntas, que fico na dúvida se posso dizer
verdadeiramente que sei o que é a justiça. Então, depois penso “o conhecimento,
o ato de conhecer em vez de nos esclarecer deixa-nos mais confusos?”. Se assim
é, para que serve dar-me a tanto trabalho (porque conhecer e saber as coisas dá
muito trabalho), para no final não ter a certeza? Então, em boa palavra, não
posso dizer que consigo conhecer verdadeiramente alguma coisa!
– Percebo o teu dilema! Se te
esforças e tentas conhecer alguma coisa, acabas por concluir que ficas ainda
mais confusa, porque uma pergunta leva a muitas outras perguntas. Por outro
lado, se não te esforças por conhecer, nunca poderás saber mais do que aquilo
que sabes agora. Acho que deves analisar com atenção cada uma das tuas
proposições, para chegares a uma conclusão, que dizes? (Desafiou a Poppy.)
– Boa ideia! (Exclamou a Marsha.)
– Comecemos pela primeira proposição:
“Se te esforças e tentas conhecer alguma coisa, acabas por concluir que ficas
ainda mais confusa.”. Será isto sempre verdadeiro ou poderá haver situações em
que isto não acontece? (Interrogou a Poppy.)
– Acho que pode haver situações em
que isso não acontece, porque apesar de uma pergunta me levar a outra pergunta,
o certo é que pelo menos a uma pergunta já me respondeu, só assim é que avanço
para a próxima pergunta. Também existem perguntas que não são problemas, como
por exemplo uma pergunta de Matemática em que eu sei que a resposta de 10 + 10 é
igual a 20. Pensando bem, acho que o problema está exclusivamente nas perguntas
que são problemas, como por exemplo “O que é a justiça?”, porque para estas não
consigo encontrar uma resposta única e definitiva. (Argumentou a Marsha.)
– Então, acho que chegou o momento de
pensares na segunda proposição: “Por outro lado, se não te esforças por
conhecer, nunca poderás saber mais do que aquilo que sabes agora.” (Questionou
a Poppy.)
– Não ia gostar nada de saber para
sempre a mesma coisa, seria como se ficasse parada no tempo! (Exclamou a
Marsha.)
– Então, queres dizer que é o ato de
procurar o conhecimento que nos faz evoluir? (Questionou a Poppy.)
– Pois, por esta ordem de ideias,
parece que sim! (Exclamou a Marsha.)
– Então, o que achas que é mais
preferível? (Interrogou a Poppy.)
– Conhecer, porque com a nossa
conversa percebi qual a utilidade destas perguntas-problema. Fazem-nos pensar
melhor, argumentar melhor e assim podermos tomar as melhores decisões! (Defendeu
a Marsha.)
O que é tu achas?!
Autoria
dos alunos do 1.º ano, turma A, do Colégio Casa Mãe:
Ana
Carolina Pereira; Ana Glória Silva; Dinis Henriques; Diogo Silva Duarte
Meireles; Estevão Pinto; Francisco Rocha; João Barbosa; Leonor Santos; Leonor
Tadeu; Lourenço Machado; Margarida Campos; Maria Costa; Maria Teixeira; Maria
Francisca Gonçalo; Melissa Rebelo; Rita Cardoso; Rodrigo Pinto; Vicente
Carvalheira.
Em colaboração com a Professora Mónica Grifo
“A liberdade da (In)Justiça?”
Era uma vez, um
menino chamado Lucas que tinha muitas dúvidas e decidiu partilhar uma dessas
dúvidas com a sua amiga Mia:
– Mia, o que é a justiça? (Perguntou
o Lucas.)
– Não sei! Nunca pensei muito nisso.
(Respondeu a Mia, intrigada com a questão.)
– Queres descobrir comigo este
mistério? (Perguntou o Lucas.)
– Sim, quero! Adoro um bom mistério
para pensar e resolver. (Respondeu a Mia.)
– Então, vamos lá à nossa aventura.
(Disse o Lucas.)
– Qual é o desafio? (Pergunta a Mia.)
– O desafio é: durante os próximos
dois dias, devemos estar muito atentos e encontrar situações que achamos justas
e outras situações que achamos serem injustas, para conseguirmos fazer a
distinção e encontrar a nossa resposta. (Sugeriu o Lucas.)
– Boa ideia! (Respondeu a Mia.)
No
dia seguinte, a Mia e o Lucas acordaram ansiosos para ir para a Escola. Era o
dia da grande aventura! Tinham de estar muito atentos, para resolver o mistério
“O que é a justiça?”. No final da aula de Português, a turma da Mia e do Lucas
foi para o intervalo. Até que a Mia presenciou uma situação que lhe pareceu
muito injusta: o Filipe e o Nelson estavam a brincar juntos e o Jorge
pediu-lhes para se juntar à brincadeira, mas os amigos afastaram-no e não o
deixaram brincar com eles. Entretanto, já na sala de aula, a Mia contou à
professora o que tinha assistido, porque não tinha achado nada bem o que o
Filipe e o Nelson tinham feito ao Jorge. Mas, o Filipe e o Nelson defenderam-se
dizendo que não tinha sido assim, mas que eles tinham convidado o Jorge para se
juntar à brincadeira, só que ele não quis. A professora, que achou as versões
estranhas e diferentes, sem ter a certeza da verdade, decidiu retirar uma
“estrela de bom comportamento” aos três meninos, ao Filipe, ao Nelson e ao
Jorge, assim todos seriam castigados por não se saber qual era a verdade.
Por sua vez, na
turma do Lucas, este fez queixa do Max, acusando-o de lhe ter dado um pontapé. A
professora pensou e decidiu retirar-lhe uma “estrela de bom comportamento”,
porque para além de dar um pontapé ao amigo, o Max também utilizou um
vocabulário impróprio durante o intervalo e foi muito falador durante as aulas.
No final do dia, o
Lucas e a Mia encontraram-se, para partilhar aquilo que tinham descoberto. Cada
um contou a situação a que tinham assistido e vivenciado.
– Qual é a diferença entre estes dois
problemas? Achas que as estrelas foram retiradas justamente nas duas situações?
(Questionou o Lucas.)
– Na primeira situação, acho que foi
injusto retirar a estrela a todos os meninos, porque nem todos eram culpados e
só devemos castigar os culpados. Devemos ser responsabilizados por aquilo que
fazemos, de bem e de mal, mas não podemos ser responsabilizados por aquilo que
não fazemos. (Argumentou a Mia.)
– Já na segunda situação, penso que
foi justo tirar a estrela ao Max, porque havia provas da sua culpa e se ele teve
a liberdade de fazer aquilo que lhe apetecia, também deve assumir a
responsabilidade da sua escolha e ação. Afinal, ninguém o obrigou a fazer o que
fez, fez porque quis e não me parece haver boas razões que justifiquem a sua
ação, porque há sempre outras formas, mais corretas, de resolver as coisas.
(Argumentou o Lucas.)
– Penso que já chegamos a uma
conclusão sobre aquilo que distingue as ações justas das ações injustas! Uma
ação é injusta quando fazemos alguma coisa errada, sem pensar antes de fazer,
como castigar alguém sem provas. (Concluiu a Mia.)
– Por outro lado, uma ação justa é
quando fazemos alguma coisa correta, como responsabilizar alguém pela sua ação,
com base em provas e decisões corretas. (Completou o Lucas.)
– Então, a justiça está ligada à ação
de uma pessoa e consequentemente à responsabilidade dessa mesma ação.
(Constatou a Mia.)
O que é tu achas?!
FIM 🦉
Autoria
dos alunos do 1.º ano, turma B, do Colégio Casa Mãe:
Afonso
Ferreira; Ana José Pacheco; Eduardo Lima; Francisco Batista; Gonçalo Trigueira;
Inês Nunes; João Dias; Maria Pinto; Maria Leonor Neves; Miguel Ferreira; Pedro
Nogueira; Rodrigo Martins; Rodrigo Ribeiro; Santiago Silva; Sofia Nogueira;
Tomás Moreira.
Em
colaboração com a Professora Mónica Grifo
“Diferentes Olhares”
“Diferentes
olhares” conta-nos uma história que é próxima de todos nós. Quem nunca se
sentiu injustiçado por não poder simplesmente fazer aquilo que lhe apetece?!
Porquê que temos de seguir regras estabelecidas por alguém que não nós mesmos? Mas,
o certo é que não vivemos isolados no Mundo, vivemos em sociedade com muitas
outras pessoas que também têm desejos e interesses, tal como nós. Será que habitualmente
nos colocamos no lugar do outro?! Será que eu penso nas situações a partir de
diferentes pontos de vista ou apenas a partir do meu ponto de vista? Foi a
pensar nestas questões que vos trazemos uma história que tenta retratar este
problema.
O Rodrigo era um menino que adorava brincar.
Ele brincava a tudo, jogava futebol com os amigos, andava de bicicleta, mas
aquilo que ele mais gostava de fazer era de jogar vídeo jogos. Se pudesse
passaria o tempo todo a brincar. Era feliz e estava sempre bem-disposto quando
brincava. O problema estava quando tinha de trabalhar para a Escola. Nestas alturas,
o Rodrigo mudava completamente, até parecia que se transformava noutro menino,
ficava amuado e triste, porque se sentia obrigado a fazer os trabalhos. O
Rodrigo fazia os trabalhos sem atenção, para despachar e assim poder ir brincar.
A pergunta que o Rodrigo mais vezes fazia a si mesmo era: “porquê que tenho de
fazer os trabalhos da Escola, se não me apetece?”.
Quando chegava a
casa, depois de um dia de Escola, a situação repetia-te vezes sem conta.
– Rodrigo, vai fazer os trabalhos de casa!
(Ordenava a mãe.)
– Já vou! (Respondia, contrariado o
Rodrigo.)
Passado 5 minutos…
– Rodrigo, já começaste a fazer os
trabalhos de casa? (Questionava a mãe.)
– Já vou! (Respondia, contrariado o
Rodrigo.)
A
luta era diária, o Rodrigo não percebia porquê que a mãe era tão chata com as
tarefas da Escola. Até que um dia, já impaciente, perguntou à mãe:
– Por que é que as mães são chatas e querem
que os filhos façam sempre os trabalhos todos? Ou melhor! Por que é que a minha
mãe quer que eu faça os trabalhos todos e nunca me deixa brincar?
– Filho, vou-te responder com duas
perguntas: “Por que é que os filhos são tão chatos que só querem jogar jogos? Ou melhor!
Por que é que o meu filho é tão resmungão e preguiçoso para fazer os trabalhos,
quando na realidade há tempo para as duas coisas, trabalhar e brincar?”
(Questionou a mãe.)
O
Rodrigo ficou a olhar estupefacto para a mãe, não contava mesmo nada com
aquelas respostas-perguntas. Nesse dia o Rodrigo fez os trabalhos da Escola num
ápice e encostou-se na cama a pensar no que a mãe tinha dito, de forma oculta,
com aquelas perguntas. Afinal, nunca tinha pensado que este seu problema, que
até então pensava que era seu, pudesse afinal ser também um problema para outra
pessoa, neste caso para a sua mãe.
O
Rodrigo não tinha dúvidas que a mãe, apesar de o chatear com as tarefas da
Escola, gostava muito dele e desejava que tivesse um bom futuro. Acima de tudo
que fosse boa pessoa e responsável. Agora começava a perceber tudo, porque para
ser responsável teria de ser cumpridor com as tarefas que lhes eram dadas,
porque eram essas tarefas que o iriam ajudar a ter um bom futuro, a pensar e a
tomar as melhores decisões. Lembrou-se também que se todos fizessem somente
aquilo que queriam, era bem capaz de o Mundo ficar uma grande confusão. Por
isso, concluiu que tem de haver coisas que nós queremos, mas que não podemos
ter ou não podemos fazer e que isso não é necessariamente mau.
O que quereria a mãe
dizer com “Por que é que o meu filho é tão resmungão e preguiçoso para fazer os
trabalhos, quando na realidade há tempo para as duas coisas, trabalhar e
brincar?”, quando, na perspetiva do Rodrigo, ele só tinha tempo para fazer uma das
coisas, porque se fizesse os trabalhos com cuidado e atenção pouco tempo lhe
sobrava para brincar. Mas, pelos vistos a mãe tinha uma perspetiva diferente.
Decidiu colocar-se, então, no lugar da mãe e pensar como se fosse “mãe”. Pois!
Nesta situação, o Rodrigo concordou que ficaria muito chateado com as atitudes
do hipotético “filho”: ter no portefólio escondido os trabalhos em atraso, fingir
que estava a dormir e jogar durante a noite quando ninguém sabia, ouvir a
professora pela milésima vez a dizer que estava sempre distraído a brincar. Mas,
a dúvida persistia: “Como teria tempo para as duas coisas?”. Decidiu conversar
com a mãe, para que ela lhe explicasse o seu ponto de vista.
No final da conversa o
Rodrigo disse:
– Já percebi! Eu não queria ver, mas agora
já vejo com clareza, porque antes não queria acreditar que conseguia conciliar
as duas coisas. Queres saber?! Na realidade, o maior desafio das mães é ajudar
os filhos a sair da preguiça provocada pela ignorância.
FIM 🦉
Autoria
dos alunos do 2.º ano, turma A, do Colégio Casa Mãe:
Adolfo
Teixeira; Afonso Magalhães; Carolina Yang; Catarina Costa; David Moreira; Dinis
Oliveira; Francisca Campos; Francisco Barbosa; Guilherme Viana; Gustavo
Mesquita; Inês Pinho; Inês Couto; Joana Carneiro; João Silva; Mafalda
Magalhães; Manuel Barreto; Maria Zita Teixeira; Martim Sousa; Pedro Osório;
Pedro Ribeiro; Pedro Santos; Simão Lemos.
Em
colaboração com a Professora Mónica Grifo
"Parque do Conhecimento"
Finalmente
chegou o dia! Há muito tempo que eu aguardava ansiosa pela visita ao “Parque do
Conhecimento”. Muitos dos meus amigos contavam-me histórias fascinantes deste
lugar, que parecia mágico. A minha mãe já me tinha lido histórias antigas, que
falava dos poderes ocultos deste Parque, talvez fosse por causa das
coincidências que aconteceram a muitas famílias que já tinham passado por lá. E
tu, acreditas em coincidências?! Eu não sei se existem, acho que preciso de
provas para acreditar. Por isso, tinha uma grande curiosidade em ir até este
sítio que muitos chamavam de mágico.
Pela
primeira vez, a minha mãe não precisou de me acordar, eu acordei sozinha e
cheia de energia! Vesti-me rápido, tomei o pequeno-almoço e esperei junto à
porta para sair:
– Vamos lá, despacha-te! Quero
chegar cedo! (Resmunguei sem paciência.)
– Ah Ah Ah Ah! Parece que os
papéis se inverteram! Normalmente, sou eu que fico impaciente logo pela manhã à
tua espera. Não te vejo com essa pressa, quando tens de ir para a Escola.
(Retorquiu a minha mãe.)
– É diferente! Para a Escola vou
todos os dias.
– Todos não… (Refutou a minha mãe.)
– Tens razão! Alguns dias!
– Não podes generalizar uma frase
para universal, quando esta é, na verdade, particular. Uma coisa é dizer “Todos
os dias” outra coisa é dizeres “Alguns dias!”. (Explicou a minha mãe.)
– Já pareces a minha professora de
Filosofia, não deixas escapar uma! (Ri-me com ar de gozo.)
– Já sabes a importância de
pensarmos com clareza e o cuidado que devemos ter com o nosso discurso, para
não nos contradizermos. Mas, deixemo-nos de filosofar e vamos à nossa aventura!
(Ordenou a minha mãe e já não era sem tempo, pensei eu.)
Quando
chegamos ao “Parque do Conhecimento” já tinha uma fila enorme à espera para
entrar. Enquanto esperávamos, fiz amizade com uma menina, a Felícia. A Felícia era
muito divertida, contou-me as aventuras que tinha na sua antiga casa, em
Angola. Como subia às árvores com os amigos, para apanharem frutos para comerem,
como corria nos campos e jogava às escondidas, como jogava descalça e sentia a
terra a fazer cócegas nos seus pés… como se sentia tão livre e feliz! Estava
tão distraída a imaginar estas aventuras que, quando me dei conta, já estávamos
no início da fila. Agora que nos aproximávamos da entrada, a Felícia
confessou-me como estava ansiosa por esta visita, era como um sonho quase a
tornar-se realidade. Nunca imaginei o
que estava para vir. Antes de entrar, reparei nuns senhores muito bem vestidos,
que falavam com o segurança do Parque e apontavam para nós. Mais tarde, vim a
saber que eram os donos do Parque e ao seu lado estava o filho deles, o Miguel.
Qual não foi o meu espanto e revolta, quando o segurança só me deixou entrar a
mim e à minha mãe, deixando de fora a Felícia e a sua família. Não percebi
porquê! Teriam feito alguma coisa de errado? Não que eu tivesse visto e eu
estive sempre com eles. É claro que não me conformei e questionei os senhores,
que prontamente e cheios de arrogância me responderam que no Parque deles só
entrava quem eles queriam. Tanto tempo à espera desta visita e em vez de me
sentir feliz, sentia-me triste pela situação. Não achava nada justo! Foi então
que tive uma ideia, fazer amizade com o Miguel para o convencer a ajudar a
Felícia. Quando ganhei coragem perguntei:
– Não achas que os teus pais foram
injustos para a Felícia e a sua família?
– Não! Não acho! Eles são diferentes
de nós. (Respondeu o Miguel.)
– Diferentes como? Não percebi!
Aliás, diferentes como todos nós somos? É isso que estás a dizer? (Questionei.)
– Que confusão! O que estás para aí
a dizer? (Perguntou o Miguel.)
– Oh Miguel, então tu não vês que
todas as pessoas no Mundo são diferentes e iguais ao mesmo tempo? São todas
diferentes, porque cada um tem a sua personalidade, a sua forma de ser e de estar,
a fisionomia, a genética, todos somos diferentes, mas não deixamos de ser todos
iguais, porque somos todos seres humanos. (Argumentei.)
O
Miguel saiu disparado como um foguete, para perto dos seus pais, que me olharam
como se eu fosse uma extraterrestre.
Visitei
o Parque e apesar de ter gostado muito, não percebia a razão da tal magia que
falavam, afinal tudo o que lá tinha era bem real e de mágico nada tinha.
No
ano seguinte, mudei de Escola e qual não foi o meu espanto quando vi que o
Miguel e a Felícia tinham mudado para a mesma Escola que eu, e que estávamos
todos na mesma turma. Que coincidência!
Eu
e a Felícia tornamo-nos grandes amigas e muito unidas. Por outro lado, o Miguel
estava sempre sozinho e não brincava com ninguém. Até que um dia, por
insistência da Felícia, fomos falar com o Miguel, para perceber a razão de ele
andar sempre tão triste e sozinho e descobrimos que ele era colocado de parte
por alguns amigos da turma. Entretanto, a Felícia teve uma ideia para ajudar o
Miguel a aproximar-se dos amigos da turma. Ele não percebia porquê que a
Felícia estava a ser tão sua amiga, quando ele e os seus pais foram tão
injustos com ela.
A
ideia da Felícia resultou e o Miguel começou a sentir-se bem-vindo na turma, brincávamos
todos juntos nos intervalos e estávamos mais unidos que nunca. O Miguel começou
a questionar-se, a pensar por si mesmo e chegou a uma conclusão que decidiu
partilhar com todos os seus amigos. Então, no início da aula de Filosofia pediu
à professora para partilhar uma ideia com a turma. Começou por defender que o
maior perigo do Mundo é quando as pessoas não pensam por si mesmas, como tinha
acontecido consigo, que tinha uma ideia errada de pessoas que nem sequer
conhecia, porque pensava que eram diferentes. Mas, chegou à conclusão que, afinal,
todos somos diferentes, porque gostamos de coisas diferentes, pensamos de
maneira diferente, mas todos somos pessoas que merecem respeito. Concluiu
dizendo que a sua maior lição foi perceber que ser bom ou ser mau não depende
da cor da pele, do sítio onde vivemos, do dinheiro que temos, mas sim do nosso
coração. A pessoa é que escolhe ser boa ou má!
Miguel,
contou envergonhado o que os seus pais fizeram à família da Felícia e confessou
que gostava que eles saíssem da ignorância, tal como tinha acontecido com ele.
Foi então que a turma teve a ideia de escrever cartas filosóficas, argumentando
sobre as razões de termos o dever de agirmos segundo o Bem, promovendo a
igualdade, o respeito e tolerância perante nós e perante os outros. No dia
seguinte, a caixa de correio da casa do Miguel encheu-se de cor e de boas
ideias.
Foi assim que comecei a pensar em
tudo o que tinha acontecido e coincidência ou não: se eu não tivesse chegado
atrasada ao Parque do Conhecimento não esperaria na fila nem conheceria a
Felícia, por sua vez se não conhecesse a Felícia não teria assistido ao que
aconteceu e não teríamos chegado a este momento em que uma boa ideia resultou
em boas ações e ajudou muita gente a pensar e a agir melhor. Provavelmente o “Parque
do Conhecimento” tem mesmo um poder oculto, de nos mostrar qual é o verdadeiro
caminho para a virtude e o conhecimento.
FIM 🦉
Autoria dos alunos do 2.º ano, turma B, do Colégio Casa Mãe:
Afonso Pinto; Beatriz Silva; Benedita Ferreira; Bernardo Grifo;
Dinis Sales; Diogo Coelho; Francisco Serdoura; Gaspar Peixoto; Gustavo
Salgueiro; Helena Silva; João Chorado; João Ribeiro; Leonardo Soares; Leonor
Gomes; Maria Carolina Silva; Maria Manuel Luís; Maria Norberto Moreira; Mariana
Nogueira; Mariana Azevedo; Martim Dias; Martim Amorim; Tiago Frutuoso.
Em colaboração com a Professora Mónica Grifo
“Ações (In)Corretas”
Era uma vez uma
menina chamada Maria. A Maria não tinha irmãos, nem primos e toda a família a
adorava. A Maria sabia que podia fazer sempre tudo o que queria, que ninguém se
zangava com ela, e por isso era um bocadinho mazinha.
Um dia, depois da
Escola, a Maria pegou num pacote de sumo e numa barra de cereais e depois de
comer deitou o pacote e o plástico para o chão, porque teve preguiça de
procurar um caixote do lixo. O João e o David, que estavam de passagem, viram o
que a Maria fez. Aproximaram-se dela e questionaram perplexos:
– Porquê que deitaste o lixo no chão? Não
sabes que o lixo se deve colocar num local próprio? (Questionou o David, muito
aborrecido com a atitude da Maria.)
– Ao fazeres isso estás a poluir o nosso
planeta! (Exclamou o João, na tentativa de a chamar a atenção.)
Mas, a Maria não
quis saber, simplesmente virou as costas aos dois rapazes e seguiu o seu
caminho. Os dois rapazes nem queriam acreditar naquilo que acabaram de
assistir. O David, que era o irmão mais velho, questionou:
– Será que as pessoas não têm consciência
do mal que fazem ao nosso planeta com estas más atitudes?
– Não sei bem, talvez tenhas razão, provavelmente
algumas pessoas não sabem o que estão a fazer, nem do mal que provocam ao nosso
planeta, agindo sem pensar. (Respondeu o João.)
– Mas, por outro lado, aquela menina
parecia saber bem o que estava a fazer, nós até a chamamos a atenção e ela
simplesmente não quis saber, como se não se importasse com os outros nem com o
Mundo onde vive. (Disse o David.)
– Essa também é uma possibilidade, porque
se pensarmos há muitas pessoas que fazem mal ao Planeta mesmo sabendo que é
errado, como cortar as árvores que produzem oxigénio, destruir as florestas e
poluir os oceanos. (Concordou o João.)
– Então, porquê que as pessoas mesmo
sabendo que uma coisa é errada continuam a fazer aquilo que não devem?
(Questionou o David.)
Os dois irmãos
foram para casa a pensar na pergunta-problema. Teriam de pensar muito bem e
investigar com atenção, para conseguirem resolver o mistério.
No dia seguinte,
os dois irmãos iam pelo caminho a discutir o problema-mistério:
– Estive a pensar e acho que as pessoas,
muitas vezes, fazem aquilo que não devem, porque são egoístas e só pensam
nelas. (Partilhou o João.)
– Essas pessoas que só pensam nelas
próprias não sabem que aquilo que fazem de mal acaba por as prejudicar também?!
(Questionou de forma retórica o David.)
E enquanto
continuava a partilhar as suas ideias, a Maria passou por eles de forma
apressada, acabando por escorregar exatamente no plástico das barras de cereais
que deitou ao chão no dia anterior.
– Quem é que deitou isto ao chão? (Gritou
a Maria irritada.)
– Foste tu! (Acusou o João.)
– Eu? (Questionou perplexa a Maria.)
– Sim, tu! Ontem, quando e chamamos a
atenção, mas não quiseste saber. (Relembrou o David).
– Então, se vocês estavam assim tão
preocupados com o meio ambiente, porquê que não apanharam o lixo e colocaram-no
no sítio certo? (Perguntou de forma irónica a Maria.)
– Porque não era o nosso dever.
Acreditamos que devemos assumir as responsabilidades das nossas ações e se
foste livre para escolher deitar o lixo ao chão, também és livre de ser
responsabilizada por essa escolha e, por isso, hoje íamos fazer queixa de ti.
(Retorquiu o João.)
– Não acham que já fui castigada pela
minha ação? Afinal, escorreguei por causa do lixo que deitei ao chão. (Constatou
triste a Maria.)
– Parece que começas a perceber a
gravidade da tua atitude. Se pensares bem, é quando as pessoas são egoístas e
só pensam nelas próprias, porque, muitas, acabam por fazer mal aos outros e ao
Mundo. O que não sabem é que aquilo que elas fazem de mal, por exemplo com o
Mundo e o meio ambiente, acaba por os prejudicar também, porque afinal esse
Mundo também é o seu. (Argumentou o David.)
– Têm razão, estava tão concentrada em mim
que nunca tinha parado para pensar dessa forma. Prometo que a partir de agora
vou ter cuidado com aquilo que é meu e dos outros. (Prometeu a Maria.)
Achas que a Maria
conseguiu cumprir a promessa?!
FIM 🦉
Autoria
dos alunos do 3.º ano, turma A, do Colégio Casa Mãe:
Amélia
Vinha; Carolina Pinto; David Lamas; Diana Bessa; Francisco Martins; Inês André;
Joana Lopes; Lara Magalhães; Mafalda Fernandes; Margarida Ferreira; Maria Inês
Gomes; Maria Rocha Ferreira; Marta Beatriz Vieira; Pedro Rocha; Rúben Guo;
Tomás Lopes.
Em
colaboração com a Professora Mónica Grifo
“Cartas Filosóficas”
A Vitória
no seu primeiro dia de aulas de Filosofia esteve desatenta, porque passou a
aula distraída a pensar sobre muitas coisas que tinha na cabeça. Quando chegou
a casa, retirou as coisas da mochila e reparou num bilhete que estava lá
dentro. Abriu o bilhete e leu em voz alta:
– O que é a
Filosofia? (Leu a Vitória, muito intrigada com a pergunta)
De
repente a Vitória foi atacada por uma avalanche de perguntas, que não lhe saiam
da cabeça: “Quem teria escrito o bilhete?”, “Como colocaram na mochila, sem ela
ver?” “Porquê que não lhe entregaram o bilhete em mão, mas esconderam na sua
mochila? Seria isto um jogo?”, “Mas, afinal o que é Filosofia?”. Nesse momento,
a Vitória sentiu-se triste por não ter estado atenta na aula de Filosofia, para
conseguir responder a este enigma. Mas, como deveria responder? Foi então, que
teve uma ideia, escrever um bilhete de resposta e colocar na sua mochila, na
esperança de que a pessoa misteriosa a pudesse encontrar. Agora faltava a parte
mais importante e difícil: pensar na resposta à pergunta-mistério! Por um lado,
não queria responder que não sabia e, por outro lado, também não queria
perguntar a ninguém. Que dilema!
No
dia seguinte, a Vitória teve uma ideia, investigar o problema, sem dar a
entender o mistério em que estava envolvida. Assim, passou os intervalos a
partilhar ideias com os colegas, acerca das suas opiniões sobre a Filosofia e
os seus problemas. Nunca se tinha apercebido como os problemas desta área do
saber eram tão interessantes e complexos. Já de noite, a Vitória preparava-se
para responder à carta-mistério, mas estava petrificada sem saber o que deveria
escrever. Até que a ideia apareceu como um relâmpago na sua cabeça: “A
Filosofia é o que estás a fazer, pensar!”. Apressou-se a responder e a
colocar a carta na mochila, na esperança que a pessoa misteriosa a encontrasse.
No outro
dia, a Vitória esteve muito atenta à sua mochila, porque queria descobrir a
identidade da pessoa misteriosa. Nesse dia, participou imenso na aula de
Filosofia, porque afinal tinha muitas ideias para partilhar. Apercebeu-se que se
investigasse, partilhasse ideias, conseguia resolver os mistérios filosóficos!
Quando
chegou a casa, ao final do dia, descobriu outra carta na mochila. Mas, como era
possível?! Pensado bem, ela estivera sempre atenta à mochila, exceto quando
estava a trabalhar nas aulas, a almoçar ou a lanchar, por isso não podemos
dizer que “esteve sempre atenta”, mas sim “esteve algumas vezes atenta”. Apressou-se a abrir a carta:
“Por
que razão as pessoas mesmo sabendo (e concordando) que uma coisa é errada,
continuam a fazer aquilo que não devem?”.
Esta
era sem dúvida uma questão filosófica! Pensou, partilhou ideias e chegou à sua
tese: muitas vezes as pessoas agem de forma errada, mesmo sabendo que não
deveriam, porque não pensam cuidadosamente antes de decidir fazer alguma coisa.
De seguida apresentou os seus argumentos: porque se pensassem, ou seja, se
ponderassem os prós e os contras das suas ações, pesando as consequências das
várias opções, não escolheriam agir de forma errada, de forma que só agem mal,
porque pensam mal!
E
foi assim que a Vitória ia pensando sobre diferentes perguntas-problema
filosóficas e mesmo não sabendo a origem das cartas, sentia-se entusiasmada com
estes desafios para pensar. As cartas conseguiram despertar a sua curiosidade e
entusiasmo para o Mundo da Filosofia. Agora, não perdia uma única aula de
Filosofia, partilhando sempre as suas ideias com os seus colegas, para
resolverem em conjunto os mistérios que a professora trazia.
As
cartas filosóficas continuaram a ser um mistério para a Vitória. Seria a
professora a pessoa mistério? Seria algum colega? A identidade dessa pessoa
podia continuar desconhecida, mas o mais importante é que lhe deu muitas outras
coisas a conhecer!
FIM 🦉
Autoria
dos alunos do 3.º ano, turma B, do Colégio Casa Mãe:
Afonso
Dias; Ariana Machado; Beatriz Silva; Catarina Almeida; Clara Pacheco; Eduardo
Loureiro; Gonçalo Matos; João Pedro Silva; João Ribeiro; Mafalda Machado; Maria
Inês Ferraz; Leonor Santos; Maria Ferreira; Salvador Coelho; Tomás Rocha; Maria
Antónia Santos.
Em
colaboração com a Professora Mónica Grifo
"MISSÃO ANTI ILUSÃO"
Num belo dia de
sol, os pássaros cantavam nos seus ninhos e duas amigas, Ravena e Sophia,
conversavam sobre o Mundo da ilusão e da realidade. Eram cada vez mais pessoas
a viver na ilusão e a ignorar a realidade:
Ravena:
Sophia, temos de abrir os olhos às pessoas!
Sophia: Concordo
amiga!
Passado
algum tempo apareceu o Heitor. Perto dele estava um homem de bengala, já com
uma certa idade! Depois da chegada dos dois, repararam que o avô do Heitor com
o nome Dodô estava sem máscara.
Heitor:
Avô, põe a máscara, estamos em tempo de Pandemia!
Dodô:
Não é preciso, isto é só uma invenção para as pessoas ficarem com medo.
Sophia:
Oh não, o Mundo está a piorar cada vez mais!
Sophia rapidamente faz dois desenhos e mostra aos amigos
filósofos.
Ravena:
Temos de agir! Este desenho que a Sophia fez não se pode realizar!
Heitor: E
como vamos fazer isso?
Sophia: Podemos
fazer desafios e assim as pessoas trabalham a mente! Porque pessoas que pensam
melhor tomam melhores decisões e não se deixam iludir ou persuadir facilmente
por opiniões sem fundamento.
Ravena: Boa
ideia! Eu posso começar pelo Quartel dos Bombeiros. O meu pai trabalha lá e diz
que só ele e outro colega é que acreditam na pandemia.
Heitor:
Sim! E o meu tio é Polícia e lá também existe pouca gente que acredita!
Sophia: Excelentes
ideias! E eu posso ir à nossa Escola e aproveito para passar na gelataria ao
lado.
Enquanto
eles saiam apressados porta fora, o Dodô perguntou-se:
Dodô: Aonde
é que eles foram? O que estão eles a fazer?
Agora, já estava
tudo encaminhado, para a missão anti ilusão ser bem-sucedida. Os três amigos
pediram às pessoas, já libertas da ignorância, para ajudarem nesta missão. E
assim foi! Uns alertaram os outros, os outros aos outros e os outros aos
outros.
Ravena, Heitor e Sophia
em coro: Chegamos!
Dodô: Ainda
não percebi o que é que vocês foram fazer!
Ravena: Oh
não, esquecemo-nos do Dodô!
Sophia: Não
faz mal, ainda vamos a tempo de o salvar!
Heitor: Então,
podemos lançar-lhe uns desafios.
Dodô: Mas
de que raio é que vocês estão a falar que eu não estou a perceber nada?!
Ravena: Ora
bem Dodô, o que pensas do Covid-19?
Dodô: É
só uma invenção que não existe, para deixar as pessoas em casa cheias de medo.
Sophia:
Temos muito trabalho pela frente!
Algum tempo
depois…
Heitor:
Conseguimos!!! A maior parte das pessoas já está dentro do círculo da
realidade.
Ravena: Boa!
Agora temos a certeza de que a previsão dos desenhos da Sophia não se realiza.
Sophia:
A Missão Anti Ilusão foi um sucesso!
Quais achas que foram os
desafios e os argumentos que os três amigos usaram contra os negacionistas da
Pandemia, para conseguirem trazê-los para a verdade?
FIM 🦉
Autoria
dos alunos do 4.º ano, turma A, do Colégio Casa Mãe:
Afonso
Barbosa; Ana Carolina Sousa; Ana Norberto Moreira; Beatriz Sá; Brigite Silva;
Carlota Carreira; Evandro Rafael Sousa; Guilherme Chaves; Gustavo Silva; Inês
Gomes; Inês Silva; João Nunes; Maria Viriato Rocha; Nuno António Barbosa; Tomás
Silva.
Em colaboração
com a Professora Mónica Grifo
"A EQUIPA"
Esta é a história
de uma menina muito especial chamada Lurdes. A Lurdes era uma criança muito
tímida e ansiosa, não tinha amigos e passava os seus dias de escola sozinha nos
intervalos. Gostava de ver as outras crianças a rir, a interagir e a brincar.
Gostava de um dia ser assim, ganhar coragem, levantar-se, ir ter com elas e
pedir para brincar, mas estas ideias só ganhavam vida no seu pensamento,
faltava a coragem para as passar para a realidade.
As férias de verão
estavam a chegar e juntamente com elas a grande aventura. A Lurdes estava com
um misto de emoções e sensações, porque por um lado tinha curiosidade em
conhecer e saber o que lhe esperava esta aventura no Campo de Férias, afinal
era o primeiro ano que iria para um sítio assim, mas por outro lado sentia
medo, porque era muito introvertida e tinha dificuldades em lidar e interagir
com as pessoas.
Assim
que chegou ao Campo de Férias foi encaminhada para uma sala onde iria decorrer
a reunião de apresentação do espaço, da sua equipa e das regras. Um dos monitores,
de nome Xavier, dividiu 8 crianças por cada equipa e a Lurdes ficou na equipa
do “Phi”. Havia mais duas equipas, a do “Mocho” e a dos “Sabichões”, que já
eram veteranos no campo de férias. O monitor explicou as regras que todas as
equipas deveriam seguir:
Ø Regra n.º 1: As
atividades começam às 9h. A hora obrigatória de recolhimento é às 21h30;
Ø Regra n.º 2: É
proibido o uso de telemóveis nas atividades;
Ø Regra n.º 3: Se
algum elemento de alguma equipa for desagradável com alguém, toda a equipa
perde pontos.
Ø Regra n.º 4: Não
fazer batota. Caso esta regra seja transgredida, a equipa não ganha pontos e
terá uma consequência de grupo;
Ø Regra n.º 5: Todos
os pontos serão somados no último dia do Campo de Férias. A equipa vencedora
recebe um troféu e as restantes uma medalha de participação e cooperação em
trabalho em equipa. Por outro lado, quem foi desqualificado não recebe nada;
Ø Regra n.º 6: Devem
ajudar-se uns aos outros e divertirem-se.
A
Lurdes sentia-se perdida e pouco à-vontade. Os colegas de equipa pareciam
simpáticos, mas ela não se sentia capaz de entrar nas brincadeiras e interagir
com eles. À saída da reunião, a equipa dos Sabichões passou por ela a
correr e um deles deu-lhe um encontrão:
– Sai da frente oh novata!
A Lurdes
encolheu-se cheia de vergonha.
A primeira
atividade era a escalada em equipa. Enquanto a Lurdes estava a escalar, os Sabichões,
enquanto escalavam também, riam-se e vangloriavam-se dizendo alto e em bom som
que a sua equipa era tricampeã na escalada e que contavam continuar no pódio. A
Lurdes sentia-se nervosa e sem se aperceber deixou escorregar um pé, ficando
presa pelas cordas. Imediatamente, os colegas da sua equipa e da equipa dos Mochos,
que estavam quase a chegar ao topo e a ganhar a corrida, sem hesitar voltaram
para trás para a ajudar. Assim, as duas equipas colaboraram na salvação da
Lurdes e desceram seguros com ela até ao chão.
A Lurdes muito
triste, não contendo as lágrimas disse:
– Vocês perderam por minha causa!
– O que é perder? (questionou um dos
meninos da equipa dos Mochos.)
– É quando não conseguimos alcançar o
objetivo. (Explicou a Lurdes, envergonhada.)
– Exatamente! (Concordou uma menina da
equipa dos Mochos.)
– Lurdes, nós somos uma equipa e é nosso dever
ajudarmo-nos uns aos outros, o principal objetivo não é ver quem chega primeiro
à meta, mas trabalharmos juntos. Pelo menos eu penso assim! (Esclareceu uma
menina da sua equipa.)
O diálogo entre as
duas equipas continuou, as crianças iam partilhando as suas ideias sobre aquilo
que eles achavam que se devia fazer e o seu contrário, aquilo que não se devia
fazer.
A Lurdes, pela
primeira vez, sentia-se à-vontade para partilhar as suas opiniões, porque
afinal ela também estava a ser incluída no diálogo. Às vezes só é preciso alguém
tomar a iniciativa, dar-nos a mão e incluir-nos.
Entre risos e
muita conversa, entretanto chegaram os Sabichões com ar de gozo, porque
achavam-se vencedores. Contudo, no anúncio da atribuição dos pontos, os
Monitores deram os pontos às equipas PHI e Mochos, porque afinal foram
os únicos que tinham conseguido superar o verdadeiro objetivo do desafio. Um
dos Monitores revelou que a pedra onde a Lurdes escorregou estava solta, foi
colocada lá propositadamente para que quem passasse escorregasse. Em segurança,
claro! Todas as crianças estavam presas pelas cordas, havia colchões no chão e
os Monitores estavam em alerta. O objetivo não era chegar ao topo, mas sim fazer
aquilo que se deve fazer e neste caso era ajudar quem mais precisava. Os Sabichões,
que não estavam nada à espera desta reviravolta, afinal não tinham concluído a
tarefa e agora eram eles que se sentiam excluídos, porque naquela equipa cada
um trabalhava por si e não verdadeiramente em conjunto.
O
que achas que aconteceu, a partir daí?!
FIM 🦉
Autoria dos
alunos do 4.º ano, turma B, do Colégio Casa Mãe:
Afonso
Leitão; Ana Sofia Pereira; Duarte Cerdeira; Francisca Viana; Gonçalo Mesquita;
Inês Madeira; João Barros; José Pedro Barreto; Leonor Marques; Leonor Moreira;
Lúcia Xia; Maria Fernandes; Simão Morado; Sofia Ribeiro; Tiago Coelho.
Em
colaboração com a Professora Mónica Grifo
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